11/10/2023
A ocorrência intercalada dos fenômenos naturais La Niña e El Niño tem um efeito significativo no clima e nas atividades agrícolas no Brasil.
Esses eventos climáticos, embora geralmente ocorram a cada dois ou três anos, podem ter intervalos variados, impactando diretamente as condições meteorológicas.
Desde meados de 2020 até recentemente, o Brasil foi impactado pelo fenômeno La Niña, que resultou em uma redução significativa no volume de chuvas, principalmente na região Sul.
Essa estiagem resultou em sérias consequências para as colheitas, como a safra de soja, com quedas significativas na produtividade média por hectare. No entanto, regiões do Nordeste e Norte experimentaram chuvas mais intensas, e a produtividade na região Central do Brasil foi considerada recorde.
Por outro lado, o fenômeno El Niño traz mais chuvas para a região Sul do Brasil e pode estender-se a partes da região Sudeste, São Paulo, Mato Grosso do Sul, com um aumento significativo no volume de chuvas.
No entanto, essa mudança pode resultar em uma redução nas precipitações no Nordeste e Norte do país, levando a secas severas, como a que afeta o Estado do Amazonas.
Embora o El Niño aumente o volume de chuvas na região Sul, a distribuição dessas chuvas não é uniforme. Isso significa que, embora o volume total de precipitação possa ser suficiente para as culturas, a concentração em determinados períodos do ciclo das plantas e a ausência em momentos críticos de desenvolvimento podem prejudicar a agricultura.
Além disso, o El Niño eleva as temperaturas em todo o país, afetando o clima e as safras. Por exemplo, recentemente, muitas cidades registraram temperaturas acima da média.
As chuvas intensas resultantes do El Niño também podem causar desequilíbrios hídricos em diferentes regiões, prejudicando a agropecuária. Embora algumas áreas possam receber mais chuvas, a intensidade e concentração delas podem causar prejuízos. Assim, os impactos desses eventos climáticos são complexos e variados.
As previsões atuais indicam que o Brasil pode enfrentar um El Niño de intensidade significativa nos próximos meses, com efeitos na produção de soja. Isso é particularmente relevante para os meses de novembro, dezembro e janeiro, quando se espera uma intensidade semelhante ao El Niño observado na safra 2015/16, que levou a uma queda de 5,3% na produtividade média nacional de soja.
O El Niño afetará principalmente as regiões mais ao Norte da América do Sul com menor regime de precipitação, enquanto parte da Argentina e o Sul do Brasil experimentarão chuvas mais intensas.
Para a região central do Brasil, as chuvas devem permanecer dentro da normalidade. No entanto, estimativas de produção indicam que a produtividade da soja no Brasil permanecerá acima de 160 milhões de toneladas, especialmente devido a compensações entre a região Sul e o Centro-Norte do país.
De acordo com dados recentes da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), a semeadura de soja no Brasil está progredindo. Até a semana de 02 a 08 de outubro, aproximadamente 10,1% das áreas destinadas à cultura foram plantadas. Esse percentual é semelhante ao registrado no mesmo período do ano anterior (11%).
Os Estados do Paraná, Mato Grosso e São Paulo lideram o plantio, com percentuais de áreas implantadas de 20%, 19,1% e 15%, respectivamente.
Entretanto, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina apresentam atrasos significativos em comparação ao ano anterior. No Mato Grosso do Sul, apenas 8% das áreas estão semeadas, muito em função do atraso nas precipitações, enquanto em Santa Catarina, apenas 6% das áreas foram plantadas, devido às chuvas abundantes nas últimas semanas.
Embora o La Niña tenha afetado a produção agrícola do país nas últimas safras, especialmente na região Sul, o Brasil tem batido recordes anuais de produtividade.
Na safra 2023/24 espera-se que o país atinja a segunda maior marca – segundo dados divulgados pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), devem ser colhidas 317,5 milhões de toneladas, 1,5% abaixo do obtido na safra 2022/23.
Na próxima semana, o analista em Inteligência de Mercado, Emanuel Salgado de Paula, trará uma análise abrangente sobre como o fenômeno El Niño ocorre e seus impactos na produção agrícola do Brasil.
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