01/11/2023
Na safra 2023/24, a produção de grãos no Brasil está prevista para atingir 317,5 milhões de toneladas, conforme os últimos dados disponibilizados pela Conab.
Desse montante, a cultura da soja deve representar mais de 50%, superando 163 milhões de toneladas. Quanto ao algodão, o relatório do USDA, divulgado em outubro, estima a produção mundial da fibra em 112,6 milhões de fardos.
No Brasil, as estimativas apontam para uma colheita de 14,56 milhões de fardos na safra 2023/24, com previsão de aumento na produtividade, atingindo cerca de 1900 toneladas por hectare.
Assim, o país deve figurar entre os três maiores produtores na safra 2023/24, ficando atrás apenas da China, maior produtora (27 milhões de toneladas), e Índia (25 milhões de toneladas). Os Estados Unidos devem ocupar a quarta posição no ranking de maiores produtores, com 12,82 milhões de fardos.
No entanto, para que as estimativas se concretizem na nova safra de algodão que se aproxima, é necessário que alguns parâmetros sejam observados e um deles é o vazio sanitário.
Entenda a seguir o que é o vazio sanitário, sua importância, como ele está relacionado a cultura do algodão e datas para as diferentes regiões!
O que é o vazio sanitário?
O vazio sanitário é caracterizado por um período contínuo e ininterrupto, comumente de 90 dias, onde é proibido cultivar, permitir ou manter plantas vivas emergidas de uma determinada espécie vegetal, independente do estádio fenológico que se encontre.
A proibição também se estende às plantas voluntárias que acabam surgindo dentro das unidades de produção durante o período de vazio sanitário, devendo estas serem totalmente eliminadas.
Mas por que realizar o vazio sanitário para a cultura do algodão?
Diferentemente do observado para a cultura da soja, em que o vazio sanitário é utilizado como uma medida legislativa que tem como objetivo o controle da ferrugem-asiática, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, para o algodão, ele é uma medida obrigatória estabelecida pela Resolução SAA 45, de 17 de maio de 2022, que visa o controle do bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis).
Fonte: Catelli, L.L, In: Abdelnoor et al., 2021.
Considerada a principal praga chave do algodão, o bicudo do algodoeiro, é considerada uma praga de alta capacidade danosa e pode lavar a perdas de até 70% na produtividade da cultura.
Bicudo-do-algodoeiro, principal praga da cultura do algodão. Fonte: Araújo, 2017.
O ataque da praga ocorre nas mais diversas fases de desenvolvimento reprodutivo da cultura, podendo ocorrer nos botões florais, levando a abertura anormal de brácteas e pétalas. Além disso, o ataque do inseto pode resultar na queda prematura dos botões, acarretando perdas significativas de produtividade.
Além dos danos iniciais, o bicudo-do-algodoeiro, em fase larval, causa a perfuração de maçãs, se alimentando do caroço e das fibras, além disso, realiza a ovoposição, aumentando os danos.
Mas como é realizado e quais as vantagens do vazio sanitário do algodão?
Com a finalidade primordial de deixar a área limpa ou quaisquer resquícios de restos culturais, o vazio sanitário consiste basicamente em deixar a área cultivada com algodão, da safra anterior, sem qualquer planta de algodão, independente do estádio fenológico que se encontre, que possa servir como abrigo para insetos pragas, evitando principalmente a proliferação do bicudo-do-algodoeiro, considerado a principal praga da cultura.
As vantagens da realização do vazio sanitário incluem:
Para a realização do vazio sanitário, recomenda-se o controle das soqueiras de algodão, podendo este controle ser através da utilização de herbicidas que levam a morte da planta, ou por meio do controle mecânico, com a realização de roçagens ou equipamentos que destruam as plantas.
Ações combinadas (químicas e mecânicas) costumam surtir maiores efeitos e consequentemente, maiores controles.
A seguir, é possível visualizar os períodos que compreenderam o vazio sanitário para a cultura do algodão na safra 2023/24:
Tabela 1. Período de vazio sanitário do algodão.
ESTADO PRODUTOR | ÉPOCA DE VAZIO SANITÁRIO |
MATO GROSSO – I | 01 DE OUTUBRO – 30 DE NOVEMBRO |
MATO GROSSO – II | 15 DE OUTUBRO – 15 DE DEZEMBRO |
BAHIA | 10 DE SETEMBRO – 10 DE NOVEMBRO |
GOIÁS – I | 15 DE SETEMBRO – 25 DE NOVEMBRO |
GOIÁS – II | 20 DE SETEMBRO – 30 DE NOVEMBRO |
GOIÁS – III | 10 DE SETEMBRO – 19 DE NOVEMBRO |
GOIÁS – IV | 10 DE NOVEMBRO – 20 DE JANEIRO |
SÃO PAULO | 10 DE JULHO – 10 DE OUTUBRO |
MATO GROSSO DO SUL – I | 15 DE SETEMBRO – 30 DE NOVEMBRO |
MATO GROSSO DO SUL – II | 15 DE AGOSTO – 30 DE OUTUBRO |
MATO GROSSO DO SUL – III | 15 DE JULHO – 30 DE SETEMBRO |
MARANHÃO | 2 DE SETEMBRO – 30 DE NOVEMBRO |
MINAS GERIAS | 20 DE SETEMBRO – 20 DE NOVEMBRO |
TOCANTINS | 20 DE SETEMBRO – 20 DE NOVEMBRO |
PIAUÍ | 20 DE SETEMBRO – 20 DE NOVEMBRO |
PARANÁ | 01 DE AGOSTO – 30 DE SETEMBRO |
CEARÁ | 01 DE OUTUBRO – 31 DE DEZEMBRO |
Fonte: Conab, 2023.
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