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07/02/2024

Doenças do algodão pra ficar de olho no início do desenvolvimento das lavouras

O algodão (Gossypium hirsutum L.) é uma cultura anual de extrema importância econômica e social no Brasil, ocupando a posição de quarto maior produtor e segundo maior exportador mundial da fibra.  

Sua relevância não se limita apenas à geração de fibras, mas também contribui significativamente para a posição internacional do Brasil como um dos principais produtores globais, junto com China, Índia, EUA. 

Apesar desse status privilegiado, a cultura do algodão enfrenta diversos desafios, especialmente no que diz respeito ao controle fitossanitário. 

Em um ambiente predominantemente tropical, as condições climáticas favorecem o desenvolvimento de doenças que podem comprometer tanto o rendimento quanto a qualidade da fibra, impactando diretamente a produção. 

A divisão do ciclo do algodão em quatro estádios fenológicos totais, sendo o estádio vegetativo uma fase crucial no desenvolvimento da planta. 

Neste estágio, diversas doenças podem se manifestar, ameaçando o potencial produtivo da cultura desde o início do seu ciclo. 

Prejuízos causados pelas doenças no algodão

A cultura do algodoeiro é vulnerável a uma ampla gama de doenças fúngicas e bacterianas, que podem acarretar prejuízos expressivos ao rendimento, qualidade da fibra. 

Globalmente, mais de 250 agentes causadores de doenças no algodoeiro já foram identificados, com pelo menos 30 deles causando problemas no Brasil, variando em gravidade. 

O aumento da área de plantio de algodão no Brasil tem criado desafios fitossanitários maiores, especialmente relacionados às doenças que ocorrem nas fases iniciais de desenvolvimento, originadas por fungos presentes nas sementes e nos restos vegetais presentes no solo. 

As perdas de rendimento causadas pela presença de doenças nas plantas são influenciadas por vários fatores, incluindo o tipo de cultura, o patógeno envolvido, a localização geográfica, as condições ambientais, a suscetibilidade da variedade cultivada e as estratégias de controle adotadas. 

Embora as doenças afetem quase todas as culturas, aquelas que surgem durante a fase vegetativa do desenvolvimento das plantas são frequentemente consideradas como um dos desafios mais significativos, tendo em vista que podem reduzir a população final de plantas, impactando na produtividade da cultura. 

Principais doenças no estádio vegetativo do algodão 

Tombamento 

O tombamento de plântulas em algodoeiros pode ser causado por um complexo de fungos fitopatogênicos, incluindo espécies dos gêneros Rhizoctonia, Colletotrichum, Ascochita, Fusarium e Pythium. 

Sintomas: os sintomas podem variar a depender do patógeno associado e geralmente incluem lesões irregulares e deprimidas no hipocótilo, cotilédones e nas folhas primárias das plântulas, de coloração pardo-avermelhadas e pardo a pardo-escuras, resultando no seu tombamento. 

Esses sintomas são observados logo após a emergência das plântulas, podendo resultar na redução do estande de plantas saudáveis, impactando diretamente no estabelecimento da cultura, acarretando prejuízos consideráveis. 

Os patógenos responsáveis por tombamentos podem também prejudicar a radícula e a plúmula de plântulas em desenvolvimento, resultando na morte delas antes mesmo de emergirem do solo. 

Ambos os sintomas são provocados por diferentes espécies de patógenos. 

No entanto, algumas espécies do gênero Pythium Spp. são os principais agentes causadores da morte de plântulas de algodoeiro antes de emergirem do solo, enquanto espécies do gênero Rhizoctonia SolaniI, desempenham o papel principal nos tombamentos e na morte de plântulas após a emergência. 

Sintomas de tombamento em plântulas de algodão (Rhizoctonia solani). Fonte: A.C.P. Goulart, 2011. 

Condições favoráveis: as condições ambientais favoráveis incluem temperaturas variando entre 18 e 30°C e umidade relativa do ar elevada por vários dias. 

Ramulose  

A ramulose, causada pelo fungo Colletotrichum gossypii, representa uma ameaça significativa ao algodoeiro.  

Sua disseminação ocorre principalmente pela semente, que pode carregar o fungo externamente, na forma de conídios, ou internamente, como micélio dormente.  

O patógeno pode sobreviver por até nove meses no solo em restos de cultura. 

Sintomas: os sintomas começam nas folhas mais novas, manifestando-se como manchas necróticas circulares ou alongadas, que ao decorrer do tempo geram perfurações nas folhas.  

O crescimento desigual do tecido leva ao enrugamento do limbo foliar. 

Imediatamente após o aparecimento das primeiras lesões nas folhas, verifica-se a morte do meristema apical do ramo afetado. Isso resulta na interrupção do crescimento do ramo e na promoção da emissão de gemas laterais, conferindo à planta uma aparência característica de “envassouramento”, com ramos e entrenós encurtados e torcidos, resultando na redução de seu porte. 

A severidade da ramulose é maior quando ocorre em plantas no início do desenvolvimento vegetativo. 

Lesões necróticas em folhas causada pelo agente causal da ramulose. Fonte: Embrapa, 2010. 

Condições favoráveis: a infecção de sementes pelo fungo está relacionada com o estágio de desenvolvimento do algodoeiro na ocasião da infecção e com as condições climáticas durante a formação e desenvolvimento das maçãs. 

Chuvas intensas, temperaturas entre 25 °C e 30°C e umidade relativa do ar acima de 80% favorecem os ciclos secundários dessa doença. 

Mancha-angular 

A mancha-angular, causada pela bactéria Xanthomonas citri pv. malvacearum, é uma doença disseminada globalmente que afeta o algodoeiro em todas as fases do desenvolvimento vegetativo. 

A bactéria é resistente a dessecação, calor seco e radiação solar, podendo sobreviver por vários anos em diversas partes da planta (semente, folha, caule e capulho). 

Sintomas: os sintomas incluem lesões angulares delimitadas pelas nervuras, inicialmente encharcadas e posteriormente tornando-se pardas. 

Na fase inferior da folha, a área da lesão mantém seu aspecto encharcado por maior período de tempo; quando a bactéria alcança o floema de nervuras primárias ou secundárias de folhas mais novas, as lesões surgem ao longo das nervuras. 

A presença do agente infeccioso também se observa nas folhas cotiledonares, manifestando-se por meio de manchas circulares que exibem uma aparência encharcada. 

A infecção no hipocótilo resulta na formação de um cancro-negro, capaz de provocar o anelamento (lesões escuras anelares ao redor do caule das plântulas) e a morte das plântulas. 

Em casos severos, as lesões podem coalescer, causando o rompimento do limbo foliar. 

Sintomas de mancha-angular na face superior da folha. Fonte: Embrapa 

Condições favoráveis: o inóculo primário da bactéria pode sobreviver em restos culturais contaminados ou ser introduzida na lavoura por meio de sementes infectadas

Os ciclos secundários da doença são facilitados pela presença de gotículas de chuva, dispersando as células bacterianas a curtas distâncias. 

Mancha-alvo 

A mancha-alvo, causada pelo fungo Corynespora cassiicola, afeta as folhas do algodoeiro, principalmente em lavouras localizadas no cerrado brasileiro. 

O fungo C. cassiicola é polífago, ou seja, tem a capacidade de sobreviver em diversas culturas, sendo capaz de atacar aproximadamente 530 espécies de plantas. 

A versatilidade desse fungo permite sua transição entre diferentes culturas, sobrevivendo em raízes, rebrotas de culturas, resíduos culturais e áreas em pousio por mais de duas safras. 

Devido a essa adaptabilidade, é comum a transferência dá doença da soja para o algodoeiro ao término de cada safra, uma vez que a mancha-alvo é uma das principais enfermidades na cultura da soja. 

Sintomas: os sintomas surgem nas folhas do terço inferior da planta, apresentando pequenos pontos circulares, variando entre dois e 10 mm. 

Lesões circulares e irregulares podem ter um ponto central e anéis ao redor, remetendo a um alvo. 

Nos casos mais graves de infecção, as lesões são necróticas ao longo de todo o tecido, ocasionando assim a senescência prematura, podendo ocasionar o encurtamento de ciclo da cultura. 

Sintomas de mancha alvo na face superior da folha. Fonte: University of Tennessee Institute of Agriculture.

Condições favoráveis: a infecção é favorecida por períodos prolongados de molhamento foliar, temperaturas entre 20ºC e 30°C e umidade relativa do ar acima de 80%. 

A fonte de inóculo ocorre nos restos culturais, assim pode ser disseminado a curta distância por respingos de chuva e pelo vento a longas distancias. 

Em temperaturas abaixo de 20°C o fungo apresenta o seu desenvolvimento comprometido. 

 Dicas para os agricultores 

Considerando que a mancha-alvo é uma doença que prejudica tanto a soja como o algodão o portfólio SLC Sementes dispõe de cultivares resistentes, garantindo a proteção que a sua lavoura precisa.  

Nossas cultivares de soja Desafio RR, TMG 2379 IPRO e HO Maracaí IPRO, são conhecidas pela resistência eficaz à mancha-alvo, elas protegem a sua lavoura e nós garantimos sementes de alta qualidade, livres de patógenos, para impulsionar a produtividade das suas safras. 

 

 

 

Convidamos os agricultores a conferir nosso portfólio completo de sementes. Na SLC Sementes, comprometemo-nos a oferecer soluções práticas e eficazes para o sucesso das suas colheitas. 

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