31/01/2024
O cenário agrícola brasileiro está em pleno movimento, com a colheita da soja na safra 2023/24 apresentando nuances diversas entre os estados produtores.
Até a semana de 22 de janeiro de 2024, dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) revelam que a colheita da soja atingiu 8,6% nos 12 Estados analisados, que juntos, são responsáveis por 96% da área cultivada da leguminosa no país.
Esse avanço representa um aumento de 3,4 % em comparação ao ano anterior, sendo que somente em uma semana, houve um avanço na colheita de quase 4%.
Cerca de dez estados já estão no processo de retirada da soja das lavouras, com o Estado do Mato Grosso liderando com 18,9% da área colhida, seguido do Paraná (12,0%) e São Paulo (9,0%).
Regiões como o centro-oeste têm contribuído de forma significativa para o progresso da colheita, impulsionando a produção nacional.
Isso porque, as chuvas recentes proporcionaram alívio às lavouras, anteriormente afetadas por um período de escassez hídrica.
Essa melhoria nas condições hídricas é vital para o desenvolvimento da soja, especialmente nas fases entre o desenvolvimento vegetativo e enchimento de grãos.
Realização da colheita da soja. Fonte: SLC Agrícola, 2022.
Contudo, alguns Estados como Tocantins, Maranhão e Piauí ainda não apresentaram percentuais significativos de colheita, indicando estágios iniciais ou ausência de início do processo.
Comparando com a safra anterior, observa-se um aumento significativo nos índices de colheita nas principais regiões produtoras.
Na semana atual, esses percentuais apresentaram crescimento considerável em comparação com o mesmo período da safra anterior.
Como exemplo, o Estado do Mato Grosso registrou um aumento de 18,9% na área colhida, em comparação com os 16,3% registrados no mesmo período na safra 2022/23.
São Paulo e Paraná também demonstram um avanço mais rápido na colheita em relação à safra passada.
As áreas que anteciparam o ciclo devido ao estresse hídrico/térmico enfrentarão desacelerações devido aos atrasos de plantio em outubro.
O plantio da soja está em fase final, com a semeadura avançando 0,3 pontos percentuais na semana, atingindo 99,4% da área cultivada estimada no país.
Esse desempenho, contudo, representa um pequeno atraso (0,3%) em relação ao mesmo período do ano anterior, quando 99,7% da área encontrava-se implantada.
Em Estados como Goiás (99,8%), Rio Grande do Sul (99%), Piauí (99%), Santa Catarina (94%) e Maranhão (89%), o cultivo ainda está em andamento.
No sul do Brasil, as chuvas frequentes estão influenciando na finalização do plantio e podem prejudicar algumas operações, como os tratos culturais.
Progresso da semeadura da soja: Fonte: CONAB, 2024.
A resiliência e adaptabilidade dos agricultores brasileiros diante dos obstáculos sazonais tornam-se evidentes, refletindo não apenas a diversidade climática e geográfica do país, mas também a necessidade de práticas eficientes nessa fase tão importante do ciclo.
Uma série de cuidados e práticas de manejo são essenciais para assegurar a qualidade e o rendimento dos grãos durante a colheita da soja.
A fase de colheita da soja desempenha um papel crucial, representando o momento em que o produtor colhe todo empenho depositado durante o ciclo produtivo dessa cultura.
Nesse período, diversos fatores exercem um impacto direto tanto na qualidade quanto na quantidade da produção.
O planejamento da colheita é uma fase crucial para garantir eficiência e qualidade na operação visando minimizar perdas.
Antes mesmo do início da safra, é necessário levar em consideração diversos fatores.
Ao realizar o planejamento, diversos fatores devem ser considerados, tais como:
Durante o período de final de ciclo da soja, plantas daninhas podem competir por recursos essenciais, como nutrientes, água e luz solar, essa competição pode resultar em perdas significativas de produtividade.
Além disso, a presença de plantas daninhas pode causar dificuldades operacionais durante a colheita, devido ao “embuchamento” da colhedora, resultando em paradas frequentes e perda de eficiência operacional.
Investir em métodos de controle eficazes ao longo do ciclo e no final do ciclo da cultura é crucial para evitar esses problemas.
O cuidado nessa fase com doenças de final de ciclo, como a ferrugem asiática da soja (Phakopsora pachyrhizi), macha púrpura ou crestamento foliar (Cercospora kikuchii) e Mancha-parda (Septoria glycines) pode afetar a qualidade dos grãos colhidos e a produtividade.
O manejo integrado de pragas e doenças deve ser adotado, incluindo o uso de variedades resistentes e aplicações adequadas de fungicidas.
Folha de soja esporos do agente causal da ferrugem-asiática da soja (Phakopsora pachyrhizi): Fonte: Embrapa
A colheita da soja deve ser realizada em condições climáticas sem a presença de chuva e a umidade relativa do ar deve estar abaixo de 70%.
A umidade excessiva pode comprometer a qualidade dos grãos, aumentar o risco de contaminação por fungos e dificultar a operação das máquinas.
Colher em condições inadequadas pode resultar em danos às plantas e perdas significativas de produtividade.
Além disso, a presença de umidade excessiva nos grãos pode impactar negativamente o armazenamento pós-colheita, favorecendo a incidência de fungos.
A dessecação pré-colheita da soja é recomendada quando ocorre uma disparidade marcantes na maturação das plantas, causada principalmente por condições climáticas severas, irregularidade na nutrição das plantas ou fertilidade do solo.
A dessecação da soja deve ocorrer no estágio R7.2, momento em 50% das vagens das plantas de soja atingiram o grau de maturação completa, estando cheias, e os grãos prontos para serem colhidos.
Essa fase pode ser identificada quando as vagens da lavoura estão com uma cor marrom ou um pouco bronzeada.
Nesse estágio, a planta atingiu seu potencial máximo de produção e os grãos apresentam menor teor de água.
A dessecação é essencial para uniformizar a maturação da cultura, permitindo antecipar a colheita. Dessa forma, o produtor pode aproveitar a janela da safra para implantar outras culturas, como o algodão.
Além disso, a dessecação facilita a colheita, reduz a umidade dos grãos e minimiza perdas.
Contribuindo também para a eficácia o manejo de plantas daninhas, acarretando grãos colhidos com menor quantidade de impurezas.
Lavoura de soja dessecada pronta para colheita. Fonte: SLC Agrícola, 2023.
A colheita da soja é mais eficiente quando os grãos atingem grau de umidade, também conhecido como teor de água entre 13% e 15%. Esse grau de umidade proporciona melhor qualidade para armazenamento e processamento.
Diminuindo a probabilidade de danos causados por esmagamento, que é comum em grãos com alto grau de umidade, ou por trincas e microfissuras, mais prevalentes na colheita de grãos excessivamente secos.
Além disso, colher grãos com grau de umidade elevado pode resultar em deterioração acelerada durante o armazenamento, favorecendo o desenvolvimento de fungos e reduzindo a vida útil do produto final.
Averiguação do ponto de colheita do grão. Fonte: SLC Agrícola, 2023.
A regulagem adequada da colhedora é essencial para garantir uma colheita eficiente e com baixas perdas.
Os principais componentes que devem ser ajustados e revisados incluem:
A revisão periódica do maquinário é fundamental para identificar e corrigir eventuais problemas mecânicos que possam comprometer a eficiência da colheita.
Colhedora regulada permitindo máxima eficiência na colheita. Fonte: SLC Agrícola, 2023.
A velocidade de colheita deve ser ajustada de acordo com as condições do campo, tipo de cultivar e características da lavoura.
Em geral, uma velocidade entre 4 e 6,5 km/h é considerada adequada, segundo a Embrapa, para garantir uma colheita eficiente.
Colher rápido demais pode resultar em danos às plantas, perda de grãos e aumento do índice de impurezas.
Por outro lado, colher muito devagar pode gerar acúmulo excessivo de material vegetal, reduzindo a eficiência da operação.
A colheita da soja exige um cuidadoso planejamento e uma abordagem integrada de manejos, desde os manejos necessários antes da colhedora estar no campo, até o momento que a colheita está sendo realizada. Isso não só maximiza o potencial produtivo da soja como também contribui para melhor armazenabilidade da cultura até a sua comercialização.
Com a colheita da soja sendo concluída, as atenções se voltam para uma nova etapa agrícola, marcando a transição das áreas geralmente para o cultivo do algodão.
Essa mudança de foco não representa apenas uma alteração sazonal, mas sim um contínuo desafio e uma oportunidade para os agricultores brasileiros.
Com a colheita da soja alguns estados brasileiros se preparam para a próxima etapa agrícola, o plantio do algodão.
A safra de algodão no Brasil já começou nos sete principais estados produtores, que representam 98% da área cultivada.
Acompanhando o progresso da semeadura até o momento, segundo a Conab, observamos uma evolução significativa em relação às semanas anteriores.
No Maranhão, a semeadura atingiu 80,0% da área prevista, indicando um avanço significativo em comparação com os dados do ano anterior.
Nos Estados do Piauí, Bahia e Minas gerais embora haja uma ligeiro atraso em relação à safra anterior, as taxas de semeadura permanecem altas, em 90%, 79,3% e 84%, respectivamente.
Já o Estado do Mato Grosso demonstra um aumento substancial na semeadura em comparação com o mesmo período do ano anterior (55,9%), com conclusão da semeadura em 75,2% das áreas.
Por outro lado, o Estado do Mato Grosso do Sul assim como na safra passada já finalizou o plantio do algodão nesse mês.
E o Estado do Goiás mantêm o avanço da semeadura do algodão semelhante ao mesmo período da safra anterior, em 85%.
Dessa maneira, no geral, os sete principais produtores da pluma no país já se encontram com 77% das áreas implantadas, superando a safra passada em 12,6 pontos percentuais.
Com a continuidade do plantio e o cuidado constante durante o ciclo de cultivo, as perspectivas para a safra 2023/24 permanecem promissoras, solidificando o papel fundamental do algodão no cenário agrícola e econômico do país.
Confira um pouco mais sobre a importância da agricultura no Brasil e no mundo, seu papel enquanto setor que mais cresce e que se preocupa com a preservação ambiental.
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